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Dados históricos mostram semelhanças entre grande seca de 1976 a de 2023 na Região de Guanambi

Imagem Ilustrativa-Foto reprodução Movimento Econômico

A falta de chuvas neste período tradicional chuvoso tem causado dados severos às atividades agrícolas e ao modo de vida no campo, na Região de Guanambi, sudoeste da Bahia. A situação fez um grupo de produtores rurais se mobilizar junto a sindicatos, cooperativas e ao poder público para propor e cobrar medidas de mitigação para enfrentar a situação.

No documento elaborado pelos idealizadores da manifestação, ocorrida na noite dessa segunda-feira (04/12), no Auditório da Câmara Municipal, os redatores citaram a estiagem de 1976 como a mais severa até então e a compararam com a situação climatológica atual que vive boa parte da Região Nordeste em 2023.

Os registros históricos da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) e do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) confirmam as semelhanças. A grande estiagem falada durou entre 1974 e 1976 e foi a mais intensa em pelo menos oitenta anos em Guanambi.

Um dos pluviômetros tem registros de chuva em Guanambi de 1933 a 1991. Ele ficava localizado na Av. Santos Dumont, em frente ao local onde hoje funciona o Ceep. O outro registro era feito na barragem de Ceraíma, com dados de 1945 a 1985. Em Caetité, além da antiga estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi encontrado um pluviômetro do Dnocs, com dados de 1911 a 1985.

Os dados mostram que o acumulado variou entre 268,6 e 367,6 mm de julho de 1973 a junho de 1974. Na temporada seguinte o acumulado foi maior, entre 530 e 810 mm, no entanto as chuvas pararam muito cedo.

De janeiro a setembro de 1976, choveu apenas 60 mm, todo concentrado no mês de fevereiro. Embora o termo El Niño só fosse usado a partir de 1998, os registros históricos mostram que esse ano também teve forte influência do aquecimento das águas do pacífico equatorial.

Tal como em 2023, a ocorrência do fenômeno contribuiu para a antecipação da estiagem. Depois de boas chuvas entre novembro e o início da segunda quinzena de janeiro, os meses de fevereiro e março não tiveram nenhuma precipitação. Em meados de abril voltou a chover, no entanto, apesar de algumas regiões terem acumulado volumes significativos, as precipitações ocorreram de forma muito irregular.

A diferença foi a volta das chuvas, que em 1976 chegaram em condições de reverter o cenário de seca logo nos primeiros dias de outubro. A partir daí, as chuvas seguiram regulares até o início de março, acumulando históricos 1.200 mm até junho de 1977.

Em uma época com menos recursos, a estiagem causou grandes prejuízos para os agricultores e pecuaristas, com a morte de milhares de cabeças de gado e perda de lavouras. Quase 50 anos depois, mesmo com mais ferramentas tecnológicas para amenizar os impactos, o cenário na zona rural ainda é desolador por conta da indisponibilidade de umidade no solo e de água para dessetentação animal, e em alguns casos, até par ao consumo humano.

Embora algumas localidades tenham registrado uma chuva volumosa no fim de agosto, algo incomum para a região, os meses de setembro, outubro e novembro foram marcados pela irregularidade. No Centro de Guanambi, o pluviômetro da Agência Sertão registra acumulado de 107 mm desde julho. De acordo com relatos de agricultores, em muitos lugares, este volume ainda não passou de 50 mm. Já os dados do Inmet não estão sendo registrado devido à falta de manutenção da estação meteorológica automática instalada no Aeroporto.

As previsões de longo prazo dos modelos meteorológicos apontam que de janeiro a abril deve chover dentro da normalidade e de forma regular. Já as previsões de médio prazo indicam chuvas com alguma regularidade entre o início e o fim da segunda quinzena de dezembro, com volumes que podem ficar em torno de 100 mm.

Apesar das previsões mais animadoras para janeiro, a meteorologia indica que 2024 começará com calor e tempo seco, com maior chance de chuva apenas na segunda quinzena. Além da falta de chuvas, o ano de 2023 está sendo marcado pelas altas temperaturas, com incidências de várias ondas de calor, elevando as máximas à casa do 40ºC.

Temporadas com menos chuvas registradas em Guanambi – (últimos 80 anos)

Os dados históricos de chuva da região também mostram grandes estiagens nos anos de 1946/1947 e de 1983/1984.

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Publicado em: 05/12/2023 – 20:42

Por: Agência Sertão

Da Redação

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