O caso da morte de Amilton Guedes Costa, conhecido como “Canário”, ocorrida em março deste ano na zona rural de Malhada, teve uma reviravolta decisiva. O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) ofereceu uma denúncia formal contra os dois filhos da vítima, Amilton Guedes Costa Júnior e Emanoel Nogueira Costa , acusando-os de homicídio qualificado pelo uso de meio cruel.
A acusação, assinada pela Promotora de Justiça Michely Queiroz de Oliveira , foi protocolada na Vara Criminal de Carinhanha no último dia 8 de outubro e representa uma mudança significativa na interpretação dos fatos. Conforme noticiado anteriormente pelo site Alerta Bahia, a investigação inicial e a apresentação dos irmãos à polícia apontavam fortemente para uma tese de legítima defesa, em um contexto de violência doméstica e ameaças proferidas pela vítima.
No entanto, o Ministério Público entendeu de forma diversa. Segundo a denúncia, os irmãos, “agindo em conjunto e de forma consciente e voluntária, mataram o seu genitor” com golpes que lhe causaram traumatismo cranioencefálico.
O que diz a denúncia do MP?
A promotoria reconhece o cenário de terror vivido pela família no dia do crime. A denúncia relata, com base em depoimentos, que a vítima, Amilton Guedes Costa, ameaçou “colocar fogo na casa e acabar com a vida de todos”, perseguiu os filhos e a esposa com uma “machadinha” e uma espingarda, e chegou a efetuar um disparo que atingiu de raspão sua cunhada, Ana Marta.
A parte principal da tragédia, segundo o documento, ocorreu quando a vítima encontrou o filho Emanoel caído e apontou-lhe a espingarda. Nesse momento, Amilton Júnior interveio para defender o irmão, desferindo golpes na cabeça do pai.
A Divergência: “Pedaço de Pau” ou Machado?
O ponto central que parece ter afastado a tese de legítima defesa para a promotoria é a arma utilizada no crime. Em seus depoimentos, os irmãos afirmaram ter usado um “pedaço de pau” para golpear o pai. Contudo, o laudo pericial anexado ao processo concluiu que as lesões fatais na cabeça da vítima foram causadas por um “instrumento de ação corto-contudente” , compatível com “facões, machados, enxadas ou similares”. A denúncia destaca ainda que um machado da marca Thompson, encontrado no local, possuía marcas de sangue. Para o MP, “a arma utilizada no crime não foi o pedaço de pau mencionado nos depoimentos, mas, um objeto com lâmina, ao que tudo indica o machado”.
Essa divergência foi crucial para o MP qualificar o crime como praticado por meio cruel, uma circunstância que agrava a pena e torna a acusação muito mais séria.
Desde o início o irmão da vítima, Zenildo Guedes, vem sustentando que mataram seu irmão com a machadinha, e não com um pau, ele ainda disse publicamente em grupo de WhatsApp que quer justiça, pois seu irmão foi morto com vários golpes de machadinha, e que o primeiro golpe foi dado ainda quando estava deitado no sofá da casa.
Segundo um advogado que foi questionado pela reportagem do Alerta Bahia, os Próximos Passos devem ser:
Com o oferecimento da denúncia, o Ministério Público pede que a Justiça aceite a acusação e que os irmãos Amilton Júnior e Emanoel Nogueira Costa sejam levados a julgamento pelo Tribunal do Júri. O documento também informa a impossibilidade de propor acordos, como o de não persecução penal, devido ao emprego de violência física no delito.
O caso, que desde o início dividiu opiniões e expôs um drama familiar complexo, entra agora em uma nova fase, na qual a tese de legítima defesa será confrontada diretamente com a acusação de homicídio qualificado sustentada pela promotoria.
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Publicado em: 14/10/2025 – 10:27
Da Redação
Por: David Porto - Registro: MTBE 0006322-BA
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